Artigos sobre Sucessão de Culturas

O que é Sucessão De Culturas

A sucessão de culturas é o ordenamento temporal de duas ou mais espécies vegetais cultivadas na mesma área, uma após a outra, sem um intervalo de tempo significativo entre a colheita de uma e a semeadura da seguinte. No contexto do agronegócio brasileiro, o exemplo mais clássico e difundido é o sistema de “safra e safrinha”, onde comumente se cultiva a soja no verão seguida imediatamente pelo milho (ou milho consorciado) no outono/inverno. Diferente da rotação de culturas, que pressupõe uma alternância planejada de diversas espécies e famílias botânicas ao longo de vários anos para quebrar ciclos de pragas e doenças, a sucessão foca na maximização do uso da terra dentro do ano agrícola.

Essa prática é viabilizada pelas condições climáticas tropicais do Brasil, que permitem o cultivo durante a maior parte do ano em diversas regiões. O objetivo principal é a intensificação produtiva, gerando receita em mais de uma safra por ano na mesma gleba. No entanto, para que a sucessão seja sustentável e não degrade o solo, é fundamental adotar tecnologias como o Sistema de Plantio Direto (SPD). Nesse cenário, a introdução de gramíneas forrageiras, como a braquiária (em consórcio com o milho, por exemplo), desempenha um papel crucial ao fornecer palhada e estruturação do solo para a cultura subsequente, geralmente uma leguminosa como a soja.

Principais Características

• Intensificação do Uso da Terra: Permite a colheita de duas ou mais safras no mesmo ano agrícola, otimizando os custos fixos da propriedade e aumentando a rentabilidade por hectare.

• Dependência da Janela de Plantio: O sucesso da sucessão está estritamente ligado ao ciclo das cultivares e ao regime de chuvas, exigindo um planejamento rigoroso para que a segunda cultura não sofra com estresse hídrico ou geadas no final do ciclo.

• Produção de Palhada: Em sistemas bem manejados, especialmente aqueles que utilizam consórcios (como milho-braquiária), a cultura sucessora deixa um volume significativo de biomassa, essencial para a proteção do solo e manutenção da umidade para o próximo plantio.

• Ciclagem de Nutrientes: A cultura em sucessão pode aproveitar o efeito residual da adubação da cultura anterior e, no caso de forrageiras, reciclar nutrientes das camadas mais profundas do solo, disponibilizando-os na superfície após a decomposição da palha.

• Logística Operacional: Exige uma gestão eficiente de maquinário e mão de obra, pois as operações de colheita da primeira safra e plantio da segunda ocorrem quase simultaneamente ou em intervalos muito curtos.

Importante Saber

• Risco da “Ponte Verde”: A sucessão de culturas sem o devido vazio sanitário ou controle rigoroso pode manter pragas e doenças ativas na área, que migram da cultura recém-colhida para a nova lavoura, exigindo monitoramento constante.

• Manejo de Herbicidas (Carryover): É crucial atentar-se ao efeito residual de herbicidas aplicados na cultura antecessora, pois certas moléculas podem permanecer no solo e causar fitotoxidez na cultura seguinte, comprometendo a germinação e o desenvolvimento inicial.

• Escolha de Ciclos: Para viabilizar a sucessão, muitas vezes é necessário optar por variedades de soja de ciclo mais precoce no verão, garantindo que o milho ou a cultura de cobertura sejam plantados dentro da janela ideal de umidade e luminosidade.

• Benefício do Consórcio: A utilização de consórcios, como o de milho com braquiária na safrinha, potencializa a sucessão ao melhorar os atributos físicos e biológicos do solo, resultando em incrementos de produtividade na soja plantada na sequência.

• Dessecação Antecipada: No manejo da sucessão, o momento da dessecação da cultura de cobertura ou da forrageira é determinante; deve ser feito com antecedência correta para garantir a plantabilidade e evitar a competição por água e alelopatia com a cultura principal subsequente.