O que é Sucessão Soja Milho

A sucessão soja-milho é um sistema de produção agrícola intensivo amplamente adotado no Brasil, caracterizado pelo cultivo sequencial de duas lavouras comerciais na mesma área e dentro do mesmo ano agrícola. Neste modelo, a soja é semeada como cultura principal (primeira safra) no início do período chuvoso, geralmente entre outubro e dezembro. Imediatamente após a colheita da oleaginosa, realiza-se o plantio do milho segunda safra, popularmente conhecido como “safrinha”, aproveitando a janela climática restante e a umidade residual do solo.

Este arranjo produtivo transformou a dinâmica do agronegócio brasileiro, permitindo a otimização do uso da terra e dos maquinários, além de diluir os custos fixos da propriedade. Historicamente, o milho safrinha era considerado uma cultura de menor investimento e risco elevado. No entanto, com o avanço de tecnologias, genética adaptada e manejo eficiente, o cereal ganhou protagonismo, chegando a superar a produção da primeira safra em volume e área em diversas regiões, consolidando o Brasil como um dos maiores produtores mundiais de grãos.

A viabilidade dessa sucessão depende intrinsecamente do planejamento estratégico e do cumprimento rigoroso do calendário agrícola. A escolha de cultivares de soja de ciclo mais curto (precoces) é uma prática comum para liberar a área o mais cedo possível, garantindo que o milho seja semeado dentro da janela ideal de plantio, minimizando os riscos climáticos associados à redução das chuvas e à ocorrência de geadas no final do ciclo.

Principais Características

  • Otimização do uso do solo, permitindo duas colheitas comerciais em um único ano agrícola, o que maximiza a rentabilidade por hectare e melhora o fluxo de caixa do produtor.

  • Dependência direta do ciclo da soja, onde qualquer atraso no plantio ou na colheita da oleaginosa impacta negativamente a janela de semeadura e o potencial produtivo do milho subsequente.

  • Alteração no desenvolvimento fisiológico do milho, que tende a ter um ciclo mais longo na segunda safra devido à menor disponibilidade de luz e menor acúmulo térmico (graus-dia) comparado ao verão.

  • Utilização predominante do Sistema de Plantio Direto, onde a palhada da soja protege o solo e conserva a umidade necessária para o estabelecimento inicial do milho, essencial em períodos de chuvas irregulares.

  • Aumento da pressão de pragas específicas, como o percevejo barriga-verde, que migra da soja para o milho, favorecido pela “ponte verde” e pela proteção oferecida pela palhada.

Importante Saber

  • O respeito ao Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) é fundamental para garantir a segurança do investimento, pois o plantio do milho fora da janela ideal aumenta drasticamente a exposição a veranicos e geadas na fase reprodutiva.

  • O manejo de pragas deve ser integrado e preventivo, visto que populações de percevejos (Dichelops spp.) remanescentes da soja podem causar danos irreversíveis, como o “encharutamento” e o perfilhamento improdutivo no milho, logo nos primeiros 30 dias após a emergência.

  • A dessecação antecipada e eficiente das plantas daninhas e da soja tiguera é obrigatória para evitar a competição por recursos e eliminar hospedeiros que servem de abrigo para pragas antes da entrada da cultura do milho.

  • O planejamento nutricional deve considerar a exportação de nutrientes pela soja e a alta demanda de nitrogênio pelo milho, ajustando a adubação para sustentar a alta produtividade de ambas as culturas em um curto espaço de tempo.

  • A tecnologia Bt (milho geneticamente modificado) auxilia no controle de lagartas, mas a redução de pulverizações nesta etapa pode favorecer pragas secundárias, exigindo monitoramento constante e áreas de refúgio.

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