Artigos sobre Taxa de Aplicação

O que é taxa de aplicação

A taxa de aplicação é um conceito fundamental na tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas, referindo-se ao volume total de calda (mistura de água e produto fitossanitário) pulverizado por unidade de área, geralmente expressa em Litros por Hectare (L/ha). No contexto do agronegócio brasileiro, definir a taxa correta é uma decisão estratégica que equilibra a necessidade de cobertura do alvo biológico (praga, doença ou planta daninha) com a capacidade operacional das máquinas. Uma taxa adequada garante que a quantidade certa de ingrediente ativo atinja a planta, sem excessos que causem escorrimento ou faltas que resultem em subdosagem.

A determinação dessa taxa não é fixa e depende diretamente da calibração do pulverizador. Ela é o resultado da interação entre três variáveis principais: a vazão dos bicos (pontas de pulverização), a pressão de trabalho do sistema e a velocidade de deslocamento do equipamento. Alterar qualquer um desses fatores modifica a quantidade de líquido depositado no campo. Por exemplo, manter a mesma pressão e vazão, mas aumentar a velocidade do trator, resultará em uma menor taxa de aplicação, pois o pulverizador passará mais rápido pela mesma área.

A importância prática da taxa de aplicação reside na sua influência direta sobre a eficácia agronômica e a viabilidade econômica da safra. Conforme destacado em estudos de calibração, erros nesse parâmetro podem comprometer até 70% da eficácia do controle e impactar significativamente os custos de produção. Uma taxa mal calculada pode levar ao desperdício de insumos caros, contaminação ambiental por deriva ou fitotoxicidade na cultura, além de exigir reentradas na lavoura para corrigir falhas de controle.

Principais Características

• Unidade de Medida: É padronizada em Litros por Hectare (L/ha) no Brasil, servindo como base para o cálculo da quantidade de produto a ser colocada no tanque.

• Interdependência de Variáveis: É definida matematicamente pela relação entre a vazão total dos bicos (L/min), a velocidade de deslocamento (km/h) e o espaçamento entre bicos.

• Impacto na Autonomia: Taxas de aplicação mais baixas permitem maior rendimento operacional (menos paradas para reabastecimento), enquanto taxas mais altas favorecem a cobertura do alvo, exigindo equilíbrio técnico.

• Sensibilidade à Pressão: Aumentos na pressão elevam a taxa de aplicação, mas também reduzem o tamanho das gotas, o que pode aumentar o risco de deriva e evaporação.

• Variação por Cultura: Diferentes estádios fenológicos e tipos de alvos (ex: fungicidas sistêmicos vs. inseticidas de contato) exigem taxas de aplicação distintas para garantir a penetração e cobertura adequadas.

Importante Saber

• Ajuste de Velocidade: Nunca utilize a rotação do motor para ajustar a velocidade visando alterar a taxa de aplicação; a rotação deve ser mantida constante (ex: 540 RPM na TDP) para garantir a pressão correta, devendo-se usar a troca de marchas para variar a velocidade.

• Regra dos 10%: Durante a verificação da taxa, se a vazão individual de um bico variar mais de 10% em relação à média da barra, ele deve ser substituído imediatamente para evitar faixas com superdosagem ou subdosagem.

• Riscos de Subdosagem: Uma taxa de aplicação inferior à necessária pode acelerar a seleção de pragas e doenças resistentes, pois o alvo não recebe a dose letal completa.

• Riscos de Superdosagem: Aplicar um volume de calda excessivo pode causar fitotoxicidade (queimadura nas folhas) e escorrimento do produto para o solo, gerando prejuízo financeiro e passivo ambiental.

• Calibração Periódica: A taxa de aplicação deve ser conferida regularmente, utilizando métodos práticos como a “calibração dos 50 metros”, pois o desgaste natural dos bicos e alterações no terreno influenciam o resultado final.

• Condições Climáticas: A taxa escolhida deve considerar as condições ambientais; em dias de baixa umidade relativa, taxas muito baixas com gotas finas podem sofrer evaporação antes de atingir o alvo.