Artigos sobre Tecnologia Aplicacao

O que é Tecnologia Aplicacao

A Tecnologia de Aplicação refere-se ao conjunto de conhecimentos científicos, equipamentos, técnicas e processos utilizados para depositar produtos fitossanitários (defensivos agrícolas) ou fertilizantes foliares no alvo biológico desejado. O objetivo central não é apenas pulverizar a lavoura, mas garantir que a gota contendo o ingrediente ativo atinja a praga, a doença ou a planta daninha na quantidade correta, no momento adequado e com a distribuição uniforme necessária para o controle efetivo.

No contexto do agronegócio brasileiro, esta disciplina é considerada um dos pilares da eficiência operacional e econômica. Dado que os defensivos podem representar cerca de 28% do custo operacional de produção, a Tecnologia de Aplicação atua diretamente na redução de desperdícios causados por deriva, evaporação ou escorrimento. Ela transforma a simples “pulverização” (ato mecânico de distribuir líquido) em uma “aplicação” técnica, exigindo do produtor e do operador o domínio sobre calibração de máquinas, condições meteorológicas e seleção de componentes hidráulicos.

Principais Características

• Seleção de Pontas de Pulverização: A escolha correta da ponta (popularmente chamada de bico) é determinante para o sucesso da operação, pois define a vazão, o ângulo de abertura do jato e, principalmente, o tamanho das gotas geradas.

• Espectro de Gotas: O controle do Diâmetro da Mediana Volumétrica (DMV) das gotas é essencial; gotas muito finas proporcionam melhor cobertura mas sofrem com deriva e evaporação, enquanto gotas muito grossas reduzem a deriva mas podem escorrer e falhar na cobertura do alvo.

• Volume de Calda: A definição da quantidade de líquido aplicada por hectare (L/ha) deve ser ajustada conforme a cultura, o estágio fenológico e o produto utilizado, buscando o equilíbrio entre cobertura eficiente e autonomia operacional.

• Influência Climática: A tecnologia de aplicação considera rigorosamente as condições ambientais no momento da operação, monitorando temperatura, umidade relativa do ar e velocidade do vento para evitar perdas e contaminação ambiental.

• Manutenção e Calibração: Envolve a verificação periódica da pressão de trabalho, limpeza dos filtros e substituição de componentes desgastados para assegurar que a distribuição do produto na barra seja homogênea (Coeficiente de Variação aceitável).

Importante Saber

• Diferença entre Bico e Ponta: Tecnicamente, o “bico” é o conjunto completo (corpo, peneira, capa), enquanto a “ponta” é a peça responsável pela formação do jato. A ponta é o item de maior desgaste e deve ser inspecionada regularmente.

• Impacto Econômico da Má Seleção: Estudos indicam que a escolha incorreta de pontas pode comprometer até 30% da eficácia dos defensivos, resultando em subdosagem (falha de controle) ou superdosagem (custo elevado e fitotoxicidade).

• Limpeza Adequada: Jamais utilize objetos metálicos, arames ou canivetes para desentupir pontas de pulverização. Isso danifica o orifício de saída, alterando irreversivelmente a vazão e o padrão do jato. Utilize ar comprimido ou escovas de cerdas macias.

• Materiais e Durabilidade: As pontas são fabricadas em diversos materiais com durabilidades distintas. Pontas de cerâmica são mais resistentes ao desgaste (duram cerca de 1.200 a 1.500 hectares) em comparação às de polímero ou aço inox, sendo ideais para uso intensivo.

• Leitura de Códigos ISO: É fundamental saber interpretar a nomenclatura das pontas (ex: 110-02). Geralmente, os primeiros números indicam o ângulo de aspersão (110 graus) e os últimos a vazão em galões por minuto (0,2 GPM), o que exige conversão para litros por minuto no Brasil.

• Riscos de Deriva: A aplicação com gotas muito finas em condições de baixa umidade e vento forte é a principal causa de deriva, que pode atingir culturas vizinhas sensíveis, áreas de preservação ou habitações, gerando prejuízos agronômicos e passivos legais.