Artigos sobre Tratamento de Sementes de Soja

O que é Tratamento De Sementes De Soja

O tratamento de sementes de soja é uma prática agronômica preventiva fundamental que consiste na aplicação de produtos químicos ou biológicos — como fungicidas, inseticidas, inoculantes, micronutrientes e bioestimulantes — diretamente sobre os grãos antes da operação de semeadura. No contexto do agronegócio brasileiro, onde o cultivo é realizado predominantemente em grandes extensões e sob condições climáticas tropicais variáveis, esta técnica atua como um “seguro” para o produtor, visando proteger o potencial genético da cultivar desde o contato com o solo até os estádios iniciais de desenvolvimento da plântula.

O objetivo principal desta estratégia é assegurar o estabelecimento de um estande de plantas uniforme e vigoroso, minimizando falhas de germinação causadas por patógenos de solo ou sementes infectadas, além de proteger contra o ataque inicial de pragas. Além da proteção fitossanitária, o tratamento moderno evoluiu para incluir tecnologias que estimulam a fisiologia da planta, favorecendo o enraizamento profundo e a fixação biológica de nitrogênio, fatores decisivos para a produtividade final da lavoura, especialmente em cenários de estresses abióticos como veranicos ou altas temperaturas no plantio.

Principais Características

• Proteção de Espectro Amplo: Combina diferentes classes de defensivos para criar uma barreira química e biológica contra fungos (causadores de podridões e tombamentos) e pragas iniciais (como lagarta-elasmo, corós e mosca-branca), protegendo a semente e a plântula durante a fase crítica de emergência.

• Estímulo Fisiológico e Nutricional: Frequentemente incorpora bioestimulantes, reguladores de crescimento e micronutrientes (como Cobalto e Molibdênio) que atuam no metabolismo da planta, promovendo um sistema radicular mais robusto e melhorando a absorção de água e nutrientes.

• Tecnologia de Aplicação: Pode ser realizado de duas formas principais: o Tratamento de Sementes Industrial (TSI), que oferece maior precisão de dosagem e cobertura uniforme com uso de polímeros, ou o tratamento “On Farm” (na fazenda), que exige equipamentos adequados para garantir a eficácia sem danificar mecanicamente o grão.

• Baixo Impacto Ambiental Relativo: Por ser uma aplicação localizada e direcionada apenas ao alvo (a semente), utiliza quantidades significativamente menores de ingredientes ativos por hectare quando comparado a pulverizações em área total, alinhando-se a práticas de agricultura mais sustentável.

• Veículo para Inoculação: É o momento ideal para a aplicação de inoculantes à base de bactérias fixadoras de nitrogênio (Bradyrhizobium), essenciais para o suprimento da demanda de nitrogênio da cultura da soja sem o uso de fertilizantes nitrogenados minerais.

Importante Saber

• Análise Sanitária Prévia: Antes de definir os produtos do tratamento, é recomendável realizar a análise de patologia das sementes em laboratório para identificar a carga fúngica presente no lote e escolher os fungicidas específicos para os patógenos identificados.

• Risco de Fitotoxicidade: A escolha incorreta de produtos ou dosagens excessivas pode causar fitotoxicidade, resultando em efeitos tóxicos que prejudicam a germinação, causam o engrossamento do hipocótilo ou travam o desenvolvimento inicial da plântula.

• Compatibilidade de Produtos: Ao misturar inseticidas, fungicidas e inoculantes biológicos, é crucial verificar a compatibilidade química para garantir que os defensivos não causem a mortalidade das bactérias benéficas do inoculante, o que comprometeria a fixação biológica de nitrogênio.

• Manejo Integrado de Pragas (MIP): O tratamento de sementes é uma ferramenta preventiva e não curativa; ele deve ser parte de um sistema de Manejo Integrado, considerando o histórico de pragas da área e a cultura antecessora para ser efetivo.

• Janela de Proteção Limitada: A proteção conferida pelo tratamento de sementes tem um período de ação residual limitado (geralmente de 15 a 25 dias após a emergência), sendo necessário o monitoramento constante da lavoura para determinar a necessidade de aplicações foliares subsequentes.