O que é vazão

No contexto da tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas, a vazão refere-se ao volume de calda (mistura de água e produto químico) liberado pelo sistema de pulverização em um determinado intervalo de tempo ou por unidade de área. Tecnicamente, ela é medida de duas formas principais: a vazão da ponta (bico), expressa geralmente em litros por minuto (L/min), e a taxa de aplicação, que é o volume distribuído sobre a lavoura, expressa em litros por hectare (L/ha). A vazão é determinada pela interação entre a pressão de trabalho do sistema, o tamanho do orifício da ponta de pulverização e a viscosidade do líquido aplicado.

Para o agronegócio brasileiro, o controle rigoroso da vazão é um pilar fundamental da eficiência operacional e econômica. Uma vazão incorreta compromete diretamente a eficácia agronômica dos tratamentos fitossanitários. Se a vazão for menor que a planejada, a dose do ingrediente ativo pode ser insuficiente para controlar pragas, doenças ou plantas daninhas, gerando a necessidade de reentradas na lavoura e aumentando o risco de resistência. Por outro lado, uma vazão excessiva resulta em desperdício de insumos, aumento desnecessário dos custos de produção e riscos de fitotoxicidade para a cultura.

Além dos aspectos produtivos, a vazão está intrinsecamente ligada à sustentabilidade ambiental da atividade agrícola. O volume de calda aplicado influencia a cobertura do alvo e o risco de perdas por escorrimento superficial ou deriva. Portanto, o entendimento e a regulagem correta da vazão não são apenas procedimentos mecânicos, mas estratégias de gestão que impactam a rentabilidade da safra e a segurança ambiental, exigindo monitoramento constante através de processos de calibração periódicos.

Principais Características

  • Relação com a Pressão: A vazão de uma ponta de pulverização varia conforme a pressão do sistema hidráulico. Para dobrar a vazão de um bico, é necessário quadruplicar a pressão, seguindo uma relação física não linear que exige atenção durante a regulagem.

  • Influência da Velocidade: Embora a vazão do bico (L/min) permaneça constante se a pressão e a rotação do motor (RPM) forem mantidas, a vazão por área (L/ha) altera-se inversamente à velocidade do trator. Se o trator andar mais rápido, a taxa de aplicação por hectare diminui.

  • Dependência da Rotação (TDP): Em pulverizadores acionados por trator, a vazão da bomba depende da rotação da Tomada de Força (TDP). Manter a rotação constante (geralmente 540 RPM) é crucial para garantir que a pressão e o fluxo de líquido se mantenham estáveis durante toda a operação.

  • Desgaste das Pontas: O uso contínuo provoca a abrasão e o alargamento do orifício de saída das pontas de pulverização. Esse desgaste natural aumenta a vazão com o tempo, descalibrando o equipamento e exigindo substituição quando os limites de tolerância são excedidos.

  • Variabilidade entre Bicos: Em uma mesma barra de pulverização, pode haver variação de vazão entre diferentes bicos devido a entupimentos parciais ou desgastes desiguais, o que compromete a uniformidade da aplicação na lavoura.

Importante Saber

  • A Regra dos 10%: Durante a calibração, é fundamental coletar o volume de cada bico individualmente. Se a vazão de qualquer ponta variar mais de 10% (para mais ou para menos) em relação à média da barra, esse bico deve ser substituído imediatamente, pois está danificado ou desgastado.

  • Cálculo de Vazão Média: Para determinar a vazão correta, deve-se utilizar o método prático de coleta de tempo (como a calibração dos 50 metros). Coleta-se a água dos bicos com o trator parado, na mesma pressão e rotação de trabalho, pelo tempo equivalente ao deslocamento no campo.

  • Impacto no Custo: Erros na vazão podem representar até 30% dos custos com defensivos. A aplicação excessiva não apenas desperdiça produto caro, mas também reduz a autonomia do tanque, exigindo mais paradas para reabastecimento e diminuindo o rendimento operacional diário.

  • Separação de Variáveis: Nunca utilize a aceleração do motor para tentar corrigir a velocidade de deslocamento durante a pulverização. A rotação deve ser fixa para manter a vazão da bomba; a velocidade do trator deve ser ajustada exclusivamente pela troca de marchas.

  • Ferramentas de Aferição: A verificação da vazão exige ferramentas precisas. O uso de um manômetro calibrado, uma jarra graduada (proveta) e um cronômetro é indispensável para transformar a teoria em precisão no campo.

  • Risco de Deriva: Aumentar a pressão para obter maior vazão em bicos inadequados pode gerar gotas muito finas, extremamente suscetíveis à deriva e evaporação, especialmente em condições de baixa umidade relativa ou ventos acima de 10 km/h.

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