O que é Virose Do Feijoeiro

As viroses do feijoeiro representam um conjunto de doenças sistêmicas causadas por vírus que afetam a cultura do feijão (Phaseolus vulgaris), constituindo um dos principais entraves fitossanitários para a produtividade no Brasil. Embora existam diversos vírus que atacam a cultura, no cenário agrícola brasileiro, o destaque absoluto em termos de severidade e prejuízo econômico é o Mosaico Dourado (Bean golden mosaic virus

  • BGMV). Estas enfermidades são caracterizadas por alterações fisiológicas profundas na planta, que vão desde a descoloração foliar até a deformação completa da estrutura vegetativa e reprodutiva.

No contexto do agronegócio nacional, onde o feijão é cultivado em até três safras anuais (águas, seca e inverno), as viroses encontram um ambiente propício para a disseminação devido à “ponte verde” — a presença constante de plantas hospedeiras no campo. A infecção viral interfere na capacidade fotossintética e no transporte de nutrientes, resultando em perdas que podem atingir 100% da produção, dependendo do estágio fenológico em que a infecção ocorre e da suscetibilidade da cultivar utilizada. Diferente de doenças fúngicas ou bacterianas, as viroses não possuem controle curativo químico direto, exigindo estratégias preventivas focadas no manejo dos vetores e no uso de cultivares resistentes.

Principais Características

  • Sintomatologia Visual Intensa: A característica mais marcante, especialmente no caso do Mosaico Dourado, é o surgimento de um mosaico amarelo ou dourado intenso nas folhas. As plantas perdem a coloração verde natural, o que reduz drasticamente a área fotossintética ativa.

  • Deformação Foliar e Estrutural: Além da alteração de cor, as folhas apresentam deformações severas, como rugosidade, encarquilhamento (aspecto enrugado) e enrolamento. Em casos graves, ocorre o nanismo, onde a planta tem seu crescimento travado, e a superbrotação, caracterizada pelo excesso de brotos laterais com desenvolvimento anormal.

  • Dependência de Vetor Biológico: A transmissão da maioria das viroses importantes do feijoeiro, como o BGMV (pertencente ao grupo Begomovirus), não ocorre por contato mecânico simples ou sementes, mas sim através de insetos vetores. A mosca-branca (Bemisia tabaci) é o principal agente transmissor, adquirindo o vírus ao se alimentar de plantas doentes e inoculando-o em plantas sadias.

  • Comprometimento da Produção de Grãos: A infecção viral afeta diretamente os órgãos reprodutivos. As vagens produzidas por plantas infectadas tendem a ser deformadas, menores e com falhas no enchimento. Os grãos resultantes muitas vezes são defeituosos, leves e impróprios para a comercialização, afetando a rentabilidade final da lavoura.

Importante Saber

  • Irreversibilidade da Doença: É fundamental compreender que, uma vez infectada pelo vírus, a planta de feijão não pode ser curada. Não existem fungicidas ou produtos químicos que eliminem o vírus do tecido vegetal. Portanto, todo o manejo deve ser preventivo e focado em evitar a infecção inicial.

  • Controle do Vetor é Prioridade: O manejo eficiente das viroses está intrinsecamente ligado ao controle populacional da mosca-branca. O monitoramento constante da praga e a aplicação de inseticidas (químicos ou biológicos) nos momentos corretos são essenciais para quebrar o ciclo de transmissão do vírus.

  • Impacto da Época de Infecção: O prejuízo é inversamente proporcional à idade da planta no momento da infecção. Plantas infectadas nos estágios iniciais de desenvolvimento (fase vegetativa) sofrem danos muito mais severos, podendo não produzir grão algum, enquanto infecções tardias (fase de enchimento de grãos) causam perdas menores, embora ainda significativas.

  • Genética e Resistência Varietal: A escolha da semente é uma ferramenta de manejo crucial. Existem cultivares de feijão no mercado com diferentes níveis de tolerância ou resistência ao Mosaico Dourado e outras viroses. O produtor deve consultar o zoneamento e as recomendações técnicas para escolher materiais genéticos que ofereçam maior segurança para sua região e época de plantio.

  • Eliminação de Plantas Hospedeiras: A prática de eliminar plantas voluntárias (tiguera) e realizar o vazio sanitário é vital para reduzir a pressão do inóculo viral e a população do vetor entre as safras, interrompendo o ciclo biológico da doença no campo.

💡 Conteúdo útil?

Compartilhe com sua rede

Ajude outros produtores compartilhando este conteúdo sobre Virose do Feijoeiro

Veja outros artigos sobre Virose do Feijoeiro