Ureia Agrícola: Como Aplicar e Evitar Perdas
Ureia agrícola: aprenda como e quando aplicar, doses recomendadas por cultura, técnicas para reduzir perdas de nitrogênio e maximize a eficiência do adubo. G...
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A volatilização de nitrogênio é um processo físico-químico pelo qual o nitrogênio contido em fertilizantes, especialmente naqueles de base amídica como a ureia, é transformado em gás amônia (NH_3) e perdido para a atmosfera. Esse fenômeno ocorre devido à hidrólise do fertilizante, uma reação mediada pela enzima urease, que é abundante no solo e em resíduos vegetais. Quando o fertilizante é aplicado na superfície e não é incorporado rapidamente ao solo (seja mecanicamente ou pela água da chuva/irrigação), o nitrogênio que deveria nutrir a planta acaba se dissipando no ar.
No contexto do agronegócio brasileiro, a volatilização representa um dos principais gargalos na eficiência da adubação nitrogenada. Como o Brasil é um grande consumidor de ureia devido ao seu custo-benefício e alta concentração de nutrientes, o manejo incorreto frente às condições tropicais — caracterizadas por altas temperaturas e radiação solar intensa — pode acelerar drasticamente a atividade da urease. Em sistemas de Plantio Direto, a presença de palhada sobre o solo também favorece a presença dessa enzima, aumentando o risco de perdas se as condições ideais de aplicação não forem respeitadas.
O impacto prático da volatilização é direto no bolso do produtor e na produtividade da lavoura. Estima-se que, em condições desfavoráveis, as perdas de nitrogênio por volatilização podem ultrapassar 50% da dose aplicada. Isso significa que metade do investimento feito em fertilizante não chega às raízes da cultura, resultando em plantas com deficiência nutricional, menor desenvolvimento vegetativo e, consequentemente, quebra de rendimento final na colheita.
Dependência de Umidade: O processo inicia-se com a umidade do solo, que dissolve o grão de fertilizante e ativa a hidrólise; contudo, se a umidade for apenas superficial e não houver água suficiente para carregar o nutriente para o subsolo, a volatilização é maximizada.
Influência da Temperatura: Temperaturas elevadas, comuns na maior parte das regiões agrícolas do Brasil, aumentam a velocidade da reação enzimática e a taxa de evaporação da amônia.
Relação com o pH do Solo: A hidrólise da ureia aumenta temporariamente o pH ao redor do grânulo; solos com pH mais elevado ou calagem superficial recente tendem a apresentar maiores taxas de volatilização.
Presença de Resíduos (Palhada): A matéria orgânica e os restos culturais na superfície do solo contêm altas concentrações de urease, tornando o Sistema de Plantio Direto um cenário de atenção redobrada para aplicações a lanço.
Velocidade de Ocorrência: As maiores perdas geralmente ocorrem nos primeiros dias após a aplicação (entre o 2º e o 5º dia), exigindo ação rápida para incorporação do insumo.
Momento Ideal de Aplicação: A estratégia mais eficaz para mitigar a volatilização é aplicar o fertilizante nitrogenado sobre o solo seco, com previsão de chuva significativa ou irrigação logo em seguida (preferencialmente nas próximas 24 a 48 horas).
O Perigo do “Solo Úmido”: Aplicar ureia sobre solo úmido sem previsão de chuva subsequente é o “pior cenário” possível, pois a umidade inicia a reação química, mas não é suficiente para incorporar o nitrogênio, expondo-o à perda gasosa.
Uso de Inibidores: Existem tecnologias de aditivos, como inibidores de urease (ex: NBPT), que retardam a transformação do nitrogênio, oferecendo uma janela de tempo maior (cerca de 7 a 14 dias) para que ocorra uma chuva incorporadora.
Incorporação Mecânica: Quando possível e compatível com o sistema de cultivo, a incorporação mecânica do fertilizante abaixo da superfície do solo reduz drasticamente o contato com a urease superficial e a exposição ao ar, minimizando as perdas.
Danos Foliares: A amônia liberada pela volatilização é tóxica para os tecidos vegetais; se houver alta concentração de fertilizante ou contato direto com folhas úmidas, podem ocorrer queimaduras (fitotoxidez) que prejudicam a área fotossintética da planta.
Parcelamento da Adubação: Dividir a dose total de nitrogênio em duas ou mais aplicações ajuda a reduzir o risco de grandes perdas concentradas em um único evento climático desfavorável, além de adequar o fornecimento à demanda da cultura.
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